Minha mãe é rocha

Dia desses eu conversei com a minha mãe. Nos telefonamos e falamos por uma hora sobre inúmeros assuntos e ela me contou coisas que contaria pra uma amiga. Pensando sobre isso depois, percebi que minha mãe confidencia coisas a mim e me conta seus problemas, seus medos, suas vivências, como igual. É uma honra tão grande ser colocada nesse lugar, como igual, como amiga, como confidente.

Acho tão lindo quando percebo a maturidade do nosso relacionamento. Vejo como uma plantinha mesmo, que exigia muito cuidado, muita atenção, e que foi crescendo e se fortalecendo de um jeito que virou floresta. É tão bonito saber que eu não sou só filha, ela não é só mãe, e que a gente é amiga. Quantas horas já passamos papeando sobre a vida, e pensar nisso agora aquece meu coração. Sempre fico grata por essa relação, por essa família, e por esse amadurecimento que vivenciamos juntas.

Pra falar a verdade, eu nem sei ao certo quando nosso relacionamento se tornou tão maduro, mas eu sou tão grata em ter minha opinião valorizada, em ser ouvida, em poder dar meus conselhos a ninguém menos que: minha mãe. Minha mãe que sempre foi rainha, que sempre foi perfeita, que nunca foi humana. Se colocando pra mim assim, tão incerta, tão falha, tão mulher e tão... humana! E como se não fosse impossível, eu a admiro ainda mais.

Sempre admirei minha mãe, sempre admirei sua força, sua determinação, seu esforço em fazer de tudo pelo que ela acredita. Sempre admirei sua fé no amor, sua fé na família, e sua fé no seu deus. Sempre admirei sua graça mesmo ao enfrentar o maior dos problemas, e sua intensidade em cada vivência. E que mulher intensa! Todo o turbilhão de vida que vivemos, todo caminho que tomamos como família, toda a experiência que tive crescendo e assistindo a minha mãe ser minha mãe me deu essa imagem de  rocha mesmo, de montanha, de algo inabalável mesmo depois de jorrar rios de água salgada pelos olhos. Minha super heroína.
 
E aí eu cresci, e a gente cresceu juntas, e a minha mãe virou mais. Virou mulher também, virou indivíduo. E foi aí que eu a percebi frágil, incerta; ainda muito rocha, ainda muito forte, mas também as vezes fraca. E eu vi flores. Eu vi rocha, vi montanha, e vi jardim. E minha admiração cresceu ainda mais. Viver tudo que ela viveu como super heroína era incrível, mas viver tudo que ela viveu como mulher, como ser humano, é extraordinário! E tudo fica ainda mais lindo, porque hoje eu vejo que minha mãe é rocha, onde flores brotam sem parar.

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